expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Pesquisa da UENF afirma que Camarões do Farol são menores que os de Atafona

Apenas alguns quilômetros separam as praias de Atafona (São João da Barra-RJ) e Farol de São Tomé (Campos dos Goytacazes-RJ), no Norte Fluminense. Mas, segundo cientistas da UENF, os camarões da espécie sete barbas que vivem no mar do Farol de São Tomé são morfologicamente distintos dos camarões da mesma espécie que povoam o mar de Atafona. É o que aponta a pesquisa feita pelo biólogo Fábio Bissaro no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UENF, sob coordenação da professora Ana Paula Madeira Di Beneditto, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA).

A pesquisa teve por objetivo identificar os estoques pesqueiros do camarão sete barbas ao longo da costa leste do país, a partir da variação de forma de seu cefalotórax (região anterior do corpo dos crustáceos, que compreende a cabeça e o tórax juntos). A hipótese — confirmada durante a pesquisa — era a de que as diferenças ambientais (como temperatura da água, salinidade e tipo de sedimento) poderiam influenciar na diferenciação morfológica entre grupos populacionais da espécie, formando distintos estoques pesqueiros. As áreas escolhidas foram Caravelas (BA), Vitória (ES), Atafona e Farol.

— Verificamos a existência de dois grupos distintos da mesma espécie entre as áreas de coleta. Os camarões coletados nos portos de Caravelas, Vitória e Atafona (maiores), que sofrem influência permanente dos aportes de água doce e se associam a substrato arenoso-lodoso, formaram um grupo distinto em relação aos indivíduos coletados em Farol, área que não tem esse tipo de influência e que apresenta substrato arenoso, temperatura média da água mais baixa e salinidade mais elevada.  — explica Bissaro.

Segundo ele, a pesquisa pode ajudar a criar formas mais sustentáveis para a comercialização do camarão, bem como estabelecer períodos de defeso específicos para cada região. Para tanto, acrescenta, é necessário reconhecer os estoques existentes e a forma como se distribuem, promovendo um melhor entendimento sobre os impactos da pressão pesqueira.

— Estudos sobre essa espécie são considerados prioridade para o governo brasileiro, devido à sua importância como recurso pesqueiro. É importante que haja outros estudos dessa natureza ao longo de outras áreas de distribuição e exploração comercial da espécie, para a aplicação de políticas pesqueiras que mantenham a sua sustentabilidade — afirma.

O camarão sete barbas é a espécie mais representativa dentre os crustáceos explorados pela pesca artesanal marinha no país. A produção anual da espécie na costa leste do Brasil é estimada em cerca de 5 mil toneladas, o que representa 42% da produção total da pesca direcionada a crustáceos marinhos.

Em 1984, o governo implantou a política do defeso, proibindo a pesca dos camarões rosa em mar aberto, do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul, durante meados do verão e final do outono. Desde 2008 está em vigor a política atual do defeso, que vale para várias espécies de camarão que se distribuem no sul e sudeste do país — incluindo o sete barbas.
Fúlvia D'Alessandri.

Nenhum comentário :

Postar um comentário